sábado, 28 de junho de 2008

A arte dos cracks

Não considerem este post uma apologia à pirataria de software. Estou apenas fazendo uma explicação técnica de algo que todos já viram, e que acontece independentemente de opiniões pessoais ou legais.

Quem é do meio técnico já deve ter visto, ouvido ou lido muita coisa do tipo "ô tio, crackeia o fotochópi aí, fazfavor?" ou "ae mano, tu tem o serial do vista ae?", entre outras. Crack, serial, qual a diferença?

Primeiro a semelhança: todos servem para suportar a pirataria de softwares. Isso é fato, desde os tempos mais primórdios, se há um software comercial e popular, há gente que o disponibiliza pra galera toda. No começo era uma coisa mais underground, mas agora com o advento dos P2P todo mundo tem a sua fonte preferida de "programas completos de graça".

As ferramentas:

Crack: aquilo que dá o "nome fantasia" a todo o esquema, um aplicativo criado com o intuito de quebrar o registro de um programa. Ele modifica diretamente dados binários de aplicativos específicos. Por isso, os cracks são muito limitados, a maioria é específica a uma versão do programa, se atualizá-lo cabô a eficácia. Alguns são "genéricos" e funcionam pra quase todas as versões, passadas e até futuras. Muito usados para quebrar a proteção de demos e aplicativos em modo trial.

Quase sempre os cracks vem em forma de janelas amorfas, com alguma animação ou sonzinho chato, uma espécie de "assinatura" do grupo hacker que o criou.

Keygen (key generator): se um aplicativo pode usar números de série (serial) para ser registrado, em vez de quebrar o aplicativo, descobre-se o algoritmo que gera este número de série e cria-se uma interface para calculá-lo. Keygens são bem mais flexíveis, e como não estragam o programa podem até suportar atualizações leves.

Estes também são os mais fáceis de "perder a validade", porque um serial pode viajar na internet e ser bloqueado pelo fabricante do software.

Loader: um aplicativo sofisticado eventualmente torna-se imune a cracks e keygens, e é aí que entram os loaders: eles "botam na frente" um programinha que modifica a memória do aplicativo e o torna registrado até que você o feche.

É bastante complicado usar um loader, porque depende da criação e modificação de atalhos, e requer alguma disciplina com relação ao aplicativo vítima: não tentar registrar, cortar internet para ele, entre outras coisas.

Seriais prontos: muitos programas, eu diria a maioria deles, já vem baixados com um ou mais seriais prontos. O grupo hacker descobre um serial válido, registra-o e coloca junto com o instalador, e este é o jeito mais simples de espalhar pirataria na web.

Normalmente vem em arquivos .txt ou .nfo. Estes últimos são carregados de ascii-art, e precisam ser abertos no bloco de notas ou algum editor de textos simples. Podem vir acompanhados de um crack, para facilitar o registro através de um serial falso.

As fontes:

Usenet: quem é hacker de verdade usa isto aqui. Usenet é um protocolo de notícias através da rede, uma espécie de "email coletivo", onde um posta e outros no mesmo grupo lêem e respondem. Usando compressão e criptografia, hackers de grupos específicos colocam programas inteiros em mensagens, e o resto do grupo abre, baixa e executa.

É a técnica underground usada pelos hackers antes da internet se tornar popular. A moda agora é usar blogs e serviços de hospedagem pública para espalhar softwares.

Web: links normais em HTTP ou FTP, em páginas HTML comuns hospedadas em qualquer lugar. Esta é a pirataria "de usuário", onde qualquer um tem acesso a programas.

É o menos eficiente também, porque tudo que cai na internet pública é caçada e destruído com mais facilidade.

P2P centralizado: redes mais antigas, como o Kazaa, eDonkey, Gnutella, utilizam centralização de servidores, uma máquina serve como "ponto de encontro" entre milhares de outras. É caçada de maneira incessane, mas seu repertório é quase infinito, embora muitas vezes esteja contaminado por arquivos falsos (fakes), vírus e arquivos incompletos.

P2P descentralizado: o BitTorrent e o eMule usam o conceito de "todo mundo se conversa por conta própria", no máximo usando servidores para fazer buscas. Em franco crescimento, é o responsável pela pirataria de grandes softwares por causa da sua alta velocidade e capacidade de receber de vários ao mesmo tempo.

É isso, dei um geralzão sobre o que são, como funcionam e como diferenciar os cracks. Não é certo usá-los, mas se tiver que fazer isso, pelo menos saiba o que está fazendo ;)

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